sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Internação Compulsória para usuários de droga, negação ou garantia de direitos?

O texto que colocarei abaixo traz o assunto da internação compulsória como uma forma de prevenção e reabilitação do dependente quimico em estágio de uso avançado, ou seja, seria a última medida a ser tomada com o objetivo de tratar a doença que já tomou conta do mundo, o CRACK.

É importante pensar que todos temos o direito de fazer o que bem intendermos com nossa saúde e nosso corpo, afinal temos o livre arbitrio, mas precisamos colocar na balança esse contexto do mundo do crack que vem deteriorando seres humanos e os tornando incapazes, na grande maioria, de lutar pelo tratamento e pela vida. Peço para que possamos pensar este contexto enquanto profissionais e seres humanos que lutam pela prevenção ao uso de drogas, pelos direitos dos usúarios e pela vida.

A INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA SERIA A GARANTIA DO DIREITO A VIDA OU A PRIVAÇÃO DO DIREITO DE ESCOLHA?

Por Reinaldo Azevedo

Matarazzo defende a internação compulsória de viciados que vagam pelas ruas sem casa e sem cuidado

Veja.com

Blog do Reinaldo Azevedo

Já escrevi aqui sobre a internação compulsória de crianças e adultos dependentes de drogas que vagam pelas ruas sem casa, sem família, sem futuro. Naquele post do dia 29 de julho, lembrei os esforços que Andrea Matarazzo, que já foi subprefeito da Sé e Secretário das Subprefeituras, fez para urbanizar a região da Cracolândia e para dar assistência aos viciados. Ocorre que é preciso enfrentar a estupidez politicamente correta - que, na prática, condena essas vítimas ao abandono - e a ausência de leis. Esse debate tem de ser feito.

Matarazzo é o atual secretário de Cultura do Estado de São Paulo e um dos pré-candidatos à Prefeitura pelo PSDB. A próxima eleição tende a ter candidatos aos montes. Tomara que a gente tenha também em quem votar… Na Folha de hoje, Matarazzo escreve um artigo em que defende a internação compulsória dos viciados, uma antiga tese sua. Leia o texto.


Chance de viver

Desde a época em que implantei as melhorias na infraestrutura da região da Luz, como então subprefeito da Sé e depois secretário das Subprefeituras de São Paulo, há seis anos, venho observando atentamente o flagelo dos dependentes químicos na cracolândia.

Posso afirmar: viver em completo estado de degradação não é uma escolha consciente. Ninguém que esteja gozando minimamente de sua vontade própria pode considerar como opção a realidade dessas pessoas que seguem, todos os dias, a única alternativa que a droga lhes proporcionou como uma dura sentença de morte.

Todos sabemos quão forte e destrutivo é o vício e quão difícil é sair dele. Nos últimos dias, a internação compulsória tem sido citada como uma possibilidade real de tratamento para quem chegou ao último estágio da dependência.

O tema surge envolto em polêmica e contraposto ao direito de escolha, que é e deve continuar sendo um direito sagrado; mas se tal liberdade já está tolhida pelo uso indiscriminado de drogas, não vejo como desconsiderar a prioridade do direito à vida.

Quando um dependente ainda tem a atenção de sua família, e esta tem condições para tanto, a internação compulsória é um ato de amor. No nível mais alto do flagelo causado pela droga, ele já abandonou a família ou foi abandonado por ela. Não pode também ser abandonado pelo poder público. A meu ver, isso é omissão de socorro.

Obviamente, a internação compulsória deve ser o último estágio de uma política pública baseada na prevenção e na repressão ao tráfico, e isso não se faz apenas com polícia. Enquanto estivemos na prefeitura, lavamos as ruas duas vezes ao dia, iluminamos a região da Luz, fechamos bares, hotéis, ferros-velhos e diversos estabelecimentos ilegais usados pelo crime.

Tudo isso inibiu a presença do traficante, mas em nada melhorou as condições de saúde daqueles que por lá vagavam acendendo seus cachimbos. Para mim, essa experiência deixou claro que se aquelas pessoas não fossem afastadas dali para tratamento adequado, nada seria capaz de salvar suas vidas.

A internação compulsória não é prisão, não é criminalização, tampouco é varrer o problema para debaixo do tapete. A questão é urgente. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgou recentemente os resultados de uma pesquisa com 131 usuários de crack atendidos m uma enfermaria de desintoxicação em São Paulo.

Em 12 anos, dos 107 pacientes, 27 tinham morrido, a maior parte de morte violenta ou de Aids; dois estavam desaparecidos; 13 foram presos e outros 22 continuavam usando a droga. Apenas 43 deles conseguiram se curar do vício. Número pequeno, mas que dá esperança.

Na edição da Folha de 31 de julho, o psicólogo americano Adi Jaffe, ele mesmo um ex-dependente, defendeu que “até a reabilitação feita à força é melhor do que nada”.

Jaffe foi tratado compulsoriamente, sobreviveu e retomou o controle sobre sua vida. Hoje, trabalha estabelecendo critérios para avaliar a qualidade do tratamento para dependentes químicos. Está vivo. Creio que todos deveriam ter a mesma chance.

Por Reinaldo Azevedo

Linck de acesso: http://www.uniad.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10035:matarazzo-defende-a-internacao-compulsoria-de-viciados-que-vagam-pelas-ruas-sem-casa-e-sem-cuidado&catid=29:dependencia-quimica-noticias&Itemid=94

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